30.4.10

alexandre

Alexandre, o Grande, com menos de 40 anos já tinha conquistado o Mundo.
Mas, com menos de 50 já estava morto...
Será que adianta?

Reformulando, para que seja melhor compreendido. Claro que tem gente que morre antes dos 50 sem ter conquistado coisa alguma. Mas não é esse o foco desse meu texto. Eu me refiro ao desapego como algo superior à ganância. Eu me lembro de Diógenes preferindo o sol à sombra de Alexandre. Eu me lembro de Jesus e seus lírios do campo e seus pássaros no céu. Me lembro de Henry Miller indo à Europa com vinte dólares atrás de um sonho. E me lembro de mim (que escrevo livros em vez de fazer uma casa) e também de você (que encontra tempo para ler um blog e dançar comigo, em vez de seguir o rebanho).

29.4.10

felicidade

Felicidade. Para os filósofos cínicos, a felicidade não é algo passageiro: uma vez alcançada, nunca mais a perdemos. A princípio, parece um absurdo, mas é uma teoria bastante sustentável. Estou escrevendo a respeito. Publicarei logo mais.

27.4.10

espírito pássaro

Nascemos para voar, mas acabamos desperdiçando as melhores horas do dia e os melhores anos da vida numa gaiola...

A propósito, como estão as asas do teu espírito pássaro?

morador de lua

Ainda vou tornar-me um morador de lua. Toda noite, poeticamente, sem pressa alguma, varrerei a poeira das estrelas com um cintilante buquê de rosas vermelhas e depois dormirei sonhando no meio-fio de uma navalha louca.
Abraçado a Baudelaire.
E coberto com um lençolzinho de cetim azul-celeste, é claro...

26.4.10

lux no tunel

Nunca me preocupei em saber se tem luz no fim do túnel.
Quando entro nele, já acendo a minha..

25.4.10

meu alazão espanhol

Hoje eu quero de volta minha bicicleta vermelha. Quero de novo abraçar minha Mãe e comer aquele manjar de bananas que ela fazia pra nós. Quero ser recebido com festa pelo meu cachorro Swing quando chegava da escola. Acariciar com raspadeira de alumínio os pêlos macios do Estrela, meu alazão espanhol. Quero à tarde trazer sorvete de abacate para minhas irmãs outra vez. Quero jogar bolinha de gude lá no fundo do quintal, e depois comer queijo assado na palha de milho na casa da Vó. Hoje eu quero de novo minha vida um carrossel. Quero torná-la roda gigante, girassol, montanha russa outra vez. Não posso parar nunca, meus amores. Sem delírio, chorarei.

A criança que eu fui não morreu. Eu venho do céu: eu descendo de mim.

23.4.10

apaixone-se

Apaixone-se. Apaixone-se muito. Muito e sempre. Profundamente. Todos os dias. Apaixone-se por uma montanha de coisas gostosas, ao mesmo tempo. Por muitas e muitas pessoas interessantes e amorosas — simultaneamente. Porque assim, se um dia você perder algumas, suspender ou cancelar a paixão por qualquer delas, não te preencherá o peito aquele indefinido e estranho sentimento chamado Solidão.

22.4.10

a vida sorte

Só traímos nosso tempo uma única vez. Mas vocês pensam que vão viver mil anos... E parecem temer a vida mais do que temem a morte. Risco não foi feito pra ser saltado; risco é pra ser corrido. A Vida é uma Sorte: tentem-na como se fosse ela uma grande Tentação!

21.4.10

viralata zen 3

Sou só um cãozinho cínico e alegre, um vira-lata zen: vivo à luz da lua, ao deus-dará. Não tenho nada. Passo fome, tomo chuva e tomo sol. Se me agradam, abano o rabo e faço festa. Mas, se me ofendem, fujo de mansinho...
E não quero ter dono nunca.

Coleira — jamais.

20.4.10

Tudo por um fio

Minha grande inspiração é Henry Miller. E foi Rimbaud quem mudou a visão de mundo de Henry Miller. E eu, influenciado por Henry, vou em busca de Rimbaud e encontro Baudelaire mudando a cabeça de Rimbaud — e este virando a cabeça de Verlaine para todos os lados. É um círculo maravilhoso... Depois ainda chegam Lorca, Neruda e Vitalina; Sartre, Osho e Cioran; todos pairando sobre mim como doce ameaça de vida. E todos me fazem virar a cabeça, deliciosamente.

Até mesmo essa menina de azul me faz virar a cabeça.

Aqui na praia, quase sempre sinto-me Dâmocles, e a espada — suspensa sobre a minha cabeça por um fio de seda — brilha seu fio nesta tarde de sol infinito. O vento a balança, eu olho para os lados, encaro o desafio e começo a sorrir.

Tudo por um fio...

É neste momento — quando confio no risco — é neste exato instante-agora que a Vida chega. Porque, você sabe, a vida só chega no justo momento em que temos consciência de que ela está por um fio... ou dois!

18.4.10

sumo logo

Eu te mostro sempre coisas novas, meu amor. Comigo, você nunca vai se acostumar. Nem haverá tempo: filho do relâmpago, sou passageiro do teu peito, brilho muito e sumo logo. Desapareço tão depressa quanto chego. Não quero te cansar com minha presença: só quero mesmo é apurar os teus sentidos — e te jogar carinhosamente no mundo inesquecível dos amores novos.

17.4.10

59 segundos


59 segundos
de cada minuto da minha vida
eu os dedico totalmente ao meu maior amor.
Que se chama Liberdade.

16.4.10

tornar-se desnecessário

Tornar-se desnecessário é o primeiro passo no caminho da salvação.
Não permita que ninguém dependa de você.
Conceda liberdade aos teus amores.

Mas a recíproca também é verdadeira.

14.4.10

60 reflexoes

Hoje de manhã sentei-me em frente ao espelho do mundo que trago no peito e fiquei fazendo reflexões: Eu vi que vocês... vocês têm nas mãos um produto chamado Vida, um verdadeiro tesouro — e não sabem bem o que fazer com ele.

Então saem feito doidos querendo vendê-lo a todo custo, por qualquer preço, nesse mercado vulgar em que se expõem. Desgraçam-se. Viram comerciantes de si mesmos. Exploram-se. Bêbados de uma espécie triste de álcool, dilaceram seu próprio presente com voracidade absurda de piranha faminta. Despedaçam-se. Consomem-se. E acabam desperdiçando, um a um, todos os instantes mais gloriosos que a Vida tem.

Até quando?

13.4.10

caroline 2005

Enquanto Deus me olha de soslaio ali no canto, Lúcifer* passeia pela casa. E eu me lembro dos pés de Caroline e do creme que espalhei entre seus dedos delicados e morenos. Me lembro da foto sorridente que fizemos lá no quarto agora há pouco, a bonequinha nua no ombro dourado da outra, cochichando profecias. E não posso dizer mais porque ainda não foram criadas na língua portuguesa as palavras que possam expressar o que eu senti. O que houve esta noite em minha noite não se pode contar.

Imaginem...

12.4.10

musa vibora

Toda musa já traz uma víbora dentro de si. É só uma questão de tempo.

11.4.10

compreender-me

Você precisa ter intimidade com Deus e ser livre nas coisas do Espírito para suportar a intensidade do meu grito e a paixão escandalosa que eu tenho pela Vida. Tem que adorar o que é proibido e ser capaz de ir além do que é normal. Tem que ter dois corações enlouquecidos — e os olhos inteiros para ver o que está perto. Se não, você não me compreende.

Mas compreender-me não é imprescindível. Interessam-me as tuas emoções.

10.4.10

download 50 questoes

intelectual de esquerda

conversa com Joyce Ann

9.4.10

esperança

A Esperança é a diversão dos desgraçados...

Ousem desejar -- como nos diria Paul Nizan!

8.4.10

honestidade pessoal

Minha honestidade pessoal sempre me leva a nunca fazer o que eu não queira. Porque não preciso fazer aquilo que não quero. Posso até perder algumas coisas por ser assim, agir assim, pensar assim. E seguramente perco mesmo muitas coisas — mas todas não significativas para mim. Perco coisas, mas não perco liberdade. Não perco aventuras, nem amor, tesão, gostosura, desejos, tentações. Ou seja, posso perder coisas, mas ganho na dimensão da minha personalidade, da minha alma, da minha alegria. Pois não abro concessões àqueles que possam querer me prender. Não jogo minha própria vida em troco de salário, prestígio, poder, posses, coisas, tranqueiras. Não permito que me roubem esse único presente que tenho. Não aceito promessas de um futuro que nem sei se vai haver. Não assumo compromissos que me sufoquem, ou que me levem à exaustão para cumpri-los. E também não crio dependências que me prendam, em hipótese alguma. Não me casei, não tenho filhos, não tenho noivas, não tenho muitas namoradas, não faço juras de amor eterno, nem tenho planos mirabolantes que possam sugar minha existência gostosa de agora.
Faço só o que me dá prazer — e apenas pelo prazer.
Sem maldade. Sem dor, sem pressa, sem cansaço, sem ciúmes, sem mágoas, sem esforço desumano. Sem explorar quem quer que seja.
E isso não é um mero jogo de palavras: eu sou assim.
Sou o dono do meu tempo.
E isso — por enquanto — me basta.

7.4.10

mudar o modo de pensar

vai chover

Os passarinhos já cantaram e se recolheram de novo: sinal que vai chover. Continuar chovendo. Aqui não tem arame farpado nem flor de laranjeira para me darem os sinais que me mostrou minha Vó. Não tem tronco nem porteira onde um tiziuzinho cantasse saltitando a me dizer alguma coisa sobre o tempo. Abro então a internet e consulto o Climatempo: vai chover. Exatamente o que me disseram o sabiá e o bem-te-vi. Vai continuar chovendo. Não posso, portanto, contrariar a natureza, nem sequer incomodar o meu Deus pedindo que interceda em meu favor e traga o sol. Aceitar o inevitável é uma sábia decisão. Vou tomar um café com leite, com pão e manteiga, e esperar o próximo capítulo. Depois me reviro na cama, me cubro de novo e fecho meus olhos. Vou continuar por aqui. Pra vida não tem tempo ruim.

Hoje estou com a língua boa, a portuguesa e a outra, ambas afiadas e doces, e as duas dançando no céu da minha boca. No céu da minha bic. Vou continuar escrevendo a Teoria do Acaso. Que delícia esta manhã que se abril!

6.4.10

orgasmo

Orgasmo é quando o corpo se transforma em alma. É quando eliminam-se as distâncias entre o profano e o sagrado — e Deus delira abraçado ao nosso peito, nu.

5.4.10

meus autores favoritos

É madrugada. Estou tomando o café que acabei de fazer — e pensando na vida. Em Henry Miller, que adoro, em Oscar Wilde, que também adoro, e em Montaigne, cujo livro está aberto aqui ao meu lado na página 162. Esses autores são meus favoritos. Lembro-me agora do que os três já me disseram:

Tudo que eu quero da vida é um punhado de livros, um punhado de sonhos e um punhado de amores.

A vida imita a arte muito mais que a arte a vida.

Prefiro dar liberdade às minhas paixões, a sufocá-las em meu detrimento.

4.4.10

Cibele me abraça

Sou verdadeiro quando falo de flores, e mais ainda quando falo de amores. Eu me esparramo delicioso nas almofadas azuis, como se Sempre fosse Agora. Cibele me abraça — e as outras Musas me olham de soslaio, sorridentes. O velho Sileno que eu trago no meu coração, bêbado, nu e deslumbrado, pisca pra mim enquanto abre mais um vinho vermelho. Rufam os tambores do meu peito, enluarados. Então, antes mesmo que Júpiter grite "Avante, meu filho!", assumo as rédeas da carruagem que é puxada por dois tigres alegres, e parto entusiasmado a conquistar as Índias — e as Outras.

Só quem salta inteiro no belo escuro profundo da vida é que pode ser Baco.




três maiores criações

Quando eu era pequeno, achava que as Três Maiores Criações (Invenções ou Descobertas) da Humanidade eram a Escrita, o Orgasmo e a Roda.

Continuo achando.

3.4.10

meio-fim

Todo momento é único, mas este parece ser mais. É hora de saltar profundo e pra cima. É hora de retrospecto e é hora de previsão. O que fiz, o que farei? Neste último trimestre, fui bom para mim ou maltratei-me? Respeitei os meus amores tanto quanto as minhas Loucuras? Vou mudar, mesmo, de verdade — ou só repetir outra vez a promessa que teimo em não cumprir?

Sei que não há meio-termo entre andar na linha do trem e dançar no arco-íris. Aliás, há. Mas o meio-termo quase sempre é o meio-fim... Por isso, sentado aqui, agora, te quero cúmplice:

— Vamos sonhar juntos alguma coisa verdadeiramente nova?