3.10.14

2014

Este é o melhor ano da minha vida. Mas não aconteceu por acaso. Foi preciso eu tomar uma atitude radical. Foi preciso dar um pontapé nas circunstâncias opressoras que teimavam em prender-me. Foi preciso ser preciso. Foi preciso saltar profundo. E eu saltei. E acabo de me lembrando de um poema que escrevi no Manual da Separação. Está na página 192. É este:

Se não for agora, quando?

Tem hora de parar — e tem hora de partir,
tem hora de permanecer quieto e calado num canto,
e tem hora de cantar e de voar.
Agora,
agora não é hora de dobrar as asas,
nem de calar a voz,
nem de catar gravetos para fazer o ninho.
Agora não é hora de sentir remorsos,
nem de buscar consolo, nem de caiar o túmulo.

Agora que estou na beirada,
bêbado de alegria — pronto para o salto,
não me segure em nome de nada.
Não queira impedir-me dizendo que é muito cedo,
ou que é muito tarde,
ou que está escuro, é perigoso, muito alto,
muito fundo, muito longe...

Não!

Se você não puder incentivar-me para o salto,
ou até mesmo empurrar-me com amor em direção à Vida,
não me prenda, não me amarre.
Não envenene com teu medo a minha dança.
Seja só uma testemunha silenciosa desta vertigem.
Porque agora,
agora é hora de voar.
Agora é hora de abrir-me a todas as possibilidades.

E voar um voo livre e sem destino para dentro de mim mesmo!