17.4.11

meus avessos

“A esperança é um sonho que caminha”, disse Aristóteles. Mas nem sei por que me lembro disso agora. Só espero que você perca o medo antes de perder a esperança. Espero que você mostre o avesso da Pandora ao avesso da caixa, e o avesso de si a si mesmo. Que não se contenha em mostrar só o Continente, mostre também o Conteúdo — oceânico. Faça como eu, que abro-me, que mostro meus avessos, entranhas coloridas e inteiras, exponho-me como doces invertidos num balcão de sacrifícios. Então, meu interior se agita, cria coragem e resolve mostrar seus próprios avessos. As conhecidas entranhas se reviram gloriosas e se abrem para dentro. Descubro que minha parte mais profunda é o contrário dos meus avessos, e que o lado de dentro do meu lado de fora é a fantasia louca que de amor me veste.