18.2.11

Teoria do arrependimento

Estou escrevendo um novo livro sobre Amor e Liberdade, cujo título é Teoria do Orgasmo. Na página 20, um dos personagens, Paritosh, diz a outro:

— Esses amadores não são escravos do ciumento, mas sim da importância excessiva que atribuem a ele. Fosse reduzido à sua condição de nulidade, o ciumento seria tão somente desprezível, inclusive aos olhos do objeto do seu crime. Ou seja, nesse caso, a vítima, a pobre coitada que se submete aos caprichos do outro, certamente reagiria.

Algumas considerações sobre a fala do personagem:

O ciumento pode até dizer que ama, e pode até ser sincero no que diz e ter boas intenções — mas em verdade não ama, pois, inconscientemente, quer controlar o outro. Quer exercer dominação. Essa contradição neurótica faz com que o ciumento sofra tanto quanto o objeto do seu "amor". Não raro, sofre ainda mais do que a vítima!

O Código Penal prevê pena de até seis meses de prisão para todo aquele que impede um outro de fazer aquilo que a lei permite. E o ciumento acaba cometendo esse tipo de crime. Entretanto, mais do que um crime, o ciúme é uma doença desgraçada. Uma doença que tem cura, e pode muito bem ser tratada com alguma terapia.

Se o ciumento — ao menos por um dia — pudesse experimentar a maravilhosa sensação da liberdade; se o ciumento um dia se livrasse dessa praga que lhe mancha o coração, e deixasse livre o seu amor, ele veria o tempo enorme que já perdeu em sua vida, tentando inutilmente controlar a própria Natureza.